sexta-feira, 27 de maio de 2016

Qual é a sua parcela de culpa?

A causa do estupro é o estuprador.
E ter que explicar isso, ter que fazer com que enxerguem isso é algo que me chega a causar nojo.
Algo que deveria ser orgânico, ainda não é por uma cultura social de que os homens são melhores apenas por serem homens.
Uma soberania burra sobre nossos corpos, sobre nossas vidas, em ambientes corporativos enfim...
Em pleno 2016.

Eu não creio que pessoas brincam com isso. 

Fazem piada. Ou simplesmente encaram como se fosse algo corriqueiro.
Eu estou em choque e enojada com o caso do estupro coletivo que aconteceu no Rio no dia 21 de maio,  tanto que a cada vez que leio algo relacionado é difícil concluir a leitura.
Eu rezo pra que nenhuma outra mulher/menina passe por isso.
Mas eu sei que até erradicarmos essa cultura nojenta da nossa sociedade muitas mulheres ainda sangrarão até a morte.
Sangrarão e sabe por qual razão?
Porque quando aquele seu amigo "legal" faz um comentário desvalorizando uma mulher pelo tempo que ela demorou pra dar pra ele, a chamando de "fácil", você escolhe não fazer nada.
Porque quando seu pai fala que mulher que bebe não pode reclamar se algo acontecer com ela, você deixa pra lá porque afinal ele é seu pai e já está muito velho pra mudar.
Porque quando dizem que saia curta é um pedido singelo pra um estupro, você ri. (Mas saiba, isso não é uma piada.)
Porque quando você vai a uma boate e puxa ou passa a mão em uma mulher que não te deu permissão pra isso, você contribui.
Você estupra. E segue estuprando.
Quando você passa na rua e fala "oi princesa" ou "que linda" ou mais escrotamente "Queria te comer toda", você estupra.

O jeito sexual e invasivo que você fala isso nos agride e você precisa entender que nem você ou seus amigos tem esse direito.
Nós não pedimos pra ouvir isso ou não demos permissão pra isso.
Então, antes de se ofender tanto e esbravejar que "não somos todos iguais" tenha a plena consciência que em uma escala menor e "menos grave" você contribui todos os dias pra morte de uma de nós.

Ou para a nossa violação física ou psicológica.
O sangue de todas nós está na mão de cada um que compactua com
cada ação preconceituosa.
Ou você luta ou você cala.
Porque nós não vamos mais calar.

terça-feira, 3 de maio de 2016

Inconsequência.

"Todo mundo que entra na sua vida entra por uma razão."
Já achei que sim.
Mas quer saber? Não.
Elas entram algumas vezes apenas pra testar
se você consegue se manter no lado que escolheu trilhar.
Pra ver se você quer o que realmente diz e se prega o que tanto esbraveja.
Eu perco meus focos, às vezes.
Porque tenho dentro de mim, inconsequência.
E gosto de ter. Gostava.
Sei lá.
Quando a gente se conhece tem dentro de si sempre uma porra de duelo de lados,
um gritando o mais alto que pode pro outro e tentando desesperadamente fazer-se ouvir.
Por você mesmo.
Pela vida que você quer.
Pelas coisas boas que faço e pelo meu coração.
Mas nada disso fica de pé se você se deixa perder.
Ou puser a culpa no seu lado mais descompensado pra poder viver o que o outro lado seu quer.
Eu quero romance, quero divisão, soma, quero briga, pazes bem feitas dentro das paredes do
lugar que eu escolher estar. Quero preocupação, quero cuidado.
A gente tem que estar pronta pra receber o melhor e quando a gente quase
se perde percebe que não está.
Agonia essa de querer imensidão e bater com a cara na porta das suas inquietações.
Eu não tô pra coadjuvantismo, nem quero estar e não há nada de errado nisso.
Eu quero oscar de melhor atriz.
Quero um caos gostoso e logo em seguida paz, quero atuação das marcantes.
Não quero mais um perrengue pra conta.
Mais encheção de saco e cabeça.
Eu paro por aqui e nunca mais esquecendo de olhar pra dentro
que é pra não se perder no lado de fora dessa confusão.



Aline Vallim.

Esqueci de sonhar.

Reencontrei minha melhor amiga durante o período do ensino médio, brigamos por alguma razão estúpida que nenhuma das duas se lembra. Não é a...