sexta-feira, 12 de novembro de 2021

Saudade de ser rasa.


Eu volto sempre em quem eu fui, sempre indagando sobre minhas escolhas. 

Será que foram certas? Será que foram minhas? Ou motivadas por informações injetadas no meu subconsciente? Eu me arrependo de algumas delas, porque apesar de terem sido minhas, foram precipitadas. Foram passos mais longos do que as pernas puderam dar naquele momento, mas também temos que entender que erramos. Precisamos nos perdoar. 

Eu, vira e mexe, sinto falta da menina que não saia de casa sem maquiagem, com cabelo alisado, com salto alto. Não pela estética em si mas por saber que quando eu era tudo isso, eu também era menos consciente. Sabedoria traz tristeza. Eu tenho saudade de ser rasa. De ser menos madura, menos responsável, menos desconstruída. Porque o descontentamento com o mundo e com a realidade só te deixa mais para baixo. Saber que o que move o mundo é o dinheiro, saber que preconceitos ainda impedem pessoas de conseguir o que merecem, saber que pessoas interesseiras vão para onde elas têm mais a ganhar. Saber que por mais que você ame alguém, não quer dizer que essa pessoa terá o mínimo de reciprocidade. Saber que a maldade humana, mesmo não superando a bondade, nos deixa um pouco menos inocentes. 

Eu penso que eu amaria voltar a não saber, mas também não gosto de pensar que eu poderia ser menos do que sou hoje. Não gostaria de considerar a possibilidade de não estar caminhando em direção à minha expansão mental e intelectual. É como dizem quando falam sobre o preço ser alto e de fato o é. 

Mas o que pode ser feito? Fico pensando em terapias, mantras, formas, jeitos de tentar retornar à antes mesmo já tendo minha bagagem mental e percebo que é inútil. Se a gente atravessa um determinado ponto em qualquer relação, inclusive na relação de nós mesmos com quem somos não há possibilidade de retorno. Não dá para "dessaber", "desver" o que foi descoberto. Eu espero que essa culpa passe. Eu espero que essa sensação cesse e eu de fato consiga ver o lado bom do entendimento. O lado cintilante do conhecimento e da sabedoria. 


Aline Vallim. 



Esqueci de sonhar.

Reencontrei minha melhor amiga durante o período do ensino médio, brigamos por alguma razão estúpida que nenhuma das duas se lembra. Não é a...