terça-feira, 10 de outubro de 2017

E o seu maior medo, qual é?

Não existe o amanhã. Não existe o depois de amanhã, não existe o depois e tampouco os seus planos para o futuro. Não existe futuro. A gente se agarra no futuro porque no fundo há o medo, e é tão confortável adiar os planos que você nunca teve certeza se aconteceriam, ou até mesmo teve medo de que acontecessem e colocar a culpa no futuro. O futuro é zona de conforto. É auto sabotagem. O futuro é desculpa.
Ou a gente vê isso e encara da melhor forma possível ou não fazemos nada. Nunca.
Eu quero viver todas as possibilidades, eu quero ter dado todas as chances que meu coração pedir. Para todos. Para tudo. Eu quero esgotar os "e se" que nos assombram.
Do que você tem medo?
Eu pensei que pensaria em mil respostas para essa pergunta, no entanto não consegui. Pensei que de repente, a minha falta de certeza para a minha vida profissional seria uma possível resposta à essa pergunta. Pensei. Talvez a solidão, mas não qualquer solidão. A solidão da falta de quem eu mais quero. De quem faz falta, de quem eu um dia, conheci. Alguns nomes que me vêm a cabeça.
Esse é um medo, mas se a solidão vier a acontecer, a gente supera. Ou talvez não, mas se acostuma, pelo menos.
O meu maior medo? Depois de um longo tempo me questionando e pensando incessantemente nessa pergunta, eu encontro um. E é não ser clara, é não me fazer entender a ponto restarem dúvidas. É como se fosse uma fixação oral. Esse é o meu medo. O maior. A sensação de eu não ter feito o possível e o impossível, a ponto de que não percebam. Não entendam.  Eu não quero que algo deixe de acontecer ou aconteça de uma forma menor, menos rica, por eu não ter deixado claro. Por A mais B.
Então, eu exponho. Me exponho. Me deixo toda à luz, nua, para que não seja possível um erro de leitura ou interpretação. Há quem diga que eu me abra muito, mas eu não sei ser pouco. E isso não é ruim.
Acho por vezes, que não consigo expressar com atitudes, então eu abro a boca. E afio os dedos que já são afiados por natureza, e escrevo.
Esse é o meu medo. Acho que nem tem nome específico para esse medo, não inventaram.

Eu comecei a escrever sem saber qual era a razão desse ajuntamento de palavras, mas acho que é essa mesmo. O medo. O que deixamos de fazer por medo, por covardia. Por medo de ser infeliz e de ser feliz também. Pelo peso que esmaga o coração e não nos deixa respirar. E deixa eu te falar meu bem, que nada nessa vida vale mais do que você fazer o possível e o impossível para ser feliz. E que se mesmo depois disso, ainda estiver triste, você sabe que não foi por conta de falta de atitude ou de falar o que precisava ser dito. Se você morresse amanhã, teria dito o que precisava ser dito?

"Eu te amo."

"Você é importante."

"Tô com medo."

"Me ajuda."

"Você é tudo para mim."

"Não vai embora!"

"Volta!"

Você teria dito tudo?


________________E o seu maior medo? Qual é?__________________



Aline Vallim.

sábado, 30 de setembro de 2017

Livre mesmo presa.

Eu com um cigarro aceso e  uma taça e vinho, ele deitado nu na cama. Eu tento desenvolver as ideias para transcrever o que sinto, mas a verdade é que ele me fez sentir como eu nunca, jamais esperaria sentir. Não agora. Eu me senti feliz. Bem agora, aqui, vivendo o que eu vivo e sentindo o que eu sinto. Pensando que seria impossível tirar a mente das coisas que me deixam triste. A gente se esquece que não pode perder tempo e que se algum contexto não parece favorável e se você já fez o que tinha para fazer, você apenas sai andando pra frente, sempre. Se move pro mundo se mover.
Ele levanta, vem ler o que eu to escrevendo, eu escondo o papel, me diz que eu tenho que parar e dar atenção à ele. Porque ele já tá com saudade e vontade, me faz cócegas algo que eu não gosto muito porque me apavora. Mas ele pode. Ele segue insistindo para eu largar a caneta, mas não dá. 
Ele me inspira. 
Eu larguei a caneta, fui pra cama. Fui dele, toda. Pela quarta vez nessa mesma noite, a gente fuma, bebe e come, volta pra cama. Joga, sorri, ri, vê filme. Filme chato, a gente para. E se toca, toca mais. E a gente fica molhado de suor e tesão, ele me fez esquecer, pelo menos por hora, me fez gozar, me fez rir. Meu corpo no dele, sincronia inesperada, poesia, charme, leveza, alívio. A vida é sempre feita de encontros, e por mais que algum encontro em particular não possa ser superado por outros, porque na verdade não pode mesmo.Vou te contar com toda a sinceridade que tento ter e reproduzir sempre: há outros encontros, bons de diferentes formas, outros tamanhos, sabores e cheiros. A gente precisa se manter aberta, livre mesmo presa, se deixando flutuar por aí pra não acabar emaranhada em sentimentos que não podem ser vividos e por essa razão precisam ser deixados para trás. 
Se é entrega o que eu precisava além de toda a que já era minha, você me dá de antemão sem eu nem ao menos pedir, a sua. 

"Toma!" 
"Sente." 

"Me sinta". 

Você me diz sem precisar falar. 
Um dia que pode ter mudado tudo, ou pelo menos me lembrado 
que eu continuo sendo a pessoa mais viva que eu conheço e continuo sendo.


Aline Vallim. 

domingo, 6 de agosto de 2017

O Universo quer falar.

Eu levei tanto tempo para escutar quem não tem boca.
Até agora, sentada aqui na frente desse papel e segurando essa caneta, te falando sobre o tempo e o que ele me fez, não sei se ainda consigo ouvir com perfeição. Mas já sei que há sinais e mensagens que são mandados à nós e que se não estivermos atentos, simplesmente os perdemos. 
Saber disso já é um trunfo, mesmo que de vez em quando ainda percamos, por simples distração, alguns avisos. O universo tenta falar com você de todas as formas quando precisa te dizer algo. Ele se desespera, mesmo. Ele manda até whatsapp, ele bate na porta, ele desenrola bem de frente aos seus olhos situações que de alguma forma chamem a sua atenção. Ele fala com você usando a sua própria mente. Mas há momentos em que nem nela, prestamos atenção. 
E lá vamos nós deixando escapar mais uma vez, uma das formas que o mundo e sua forma eficaz de girar, utilizam para levar-nos, algum recado.
Mas inesperadamente, você fica em paz. Depois de tanto se debater, você cede. Se entrega ao inevitável. É como se o pescador olhasse para o pescado esperando apenas que o mesmo se convença de que não adianta mais lutar. Assim é o Universo, a vida e nós, algumas vezes. 
Em algum momento, é como se o seu inconsciente começasse a absorver os inúmeros recados mandados. E esse entendimento se alastrasse, se tornando totalmente consciente. Você sabe que deve diminuir a velocidade, você sabe que é melhor parar. Mudar a direção, o foco. 
Não há o que fazer. Pelo menos não agora. Relaxe, é só esse momento. 
Não é para sempre. Não é definitivo. Respira.
Como quem ao se afogar, para de chocar-se contra a água e bóia.
Não lute mais, só se desarme, aceite, tranquilize-se. Viva exatamente o que precisa viver. Talvez seja exatamente isso, o que a vida quer. As coisas vão se acomodando como tem que ser, sempre. O mundo vai continuar amanhã.

Resiliência. 

Aline Vallim. 

sábado, 29 de julho de 2017

Vontade.



Eu deitada ao seu lado
o calor que emana do seu corpo
bate em mim como a saudade
que sempre senti de você
mesmo antes de te conhecer.
Até sem te reconhecer.
Sua anatomia, conspicuidade.
Essa vontade.
Meus dedos resvalam com
carinho pela sua fronte.
Me perdi em você e não sei onde
me reencontrar.
É como se eu tocasse
o portal que me leva
diretamente para outra dimensão.
Que me transporta para a imensidão.
Tão cheio de culpas, errante
como qualquer tripulante
dessa embarcação.
Tão meu. Maravilhoso.
E é como se eu tivesse uma dívida 
com o Universo por ter cedido 
uma parte da sua vida
pra eu poder escrever com você.

Aline Vallim.

quinta-feira, 27 de julho de 2017

Quando.

Quando o seu coração tá tão murcho que parece que não tem mais força para bombear.
Quando você pensa que tá tão sozinho, que parece que foi o único "sortudo" sobrevivente de uma explosão nuclear que ao que parece, assolou a Terra.
Quando ninguém te entende, e não importa que você esteja com vontade de chorar deitada no chão até não ter mais lágrimas,  e ninguém consegue ser sensível na hora que você mais precisa. 
Quando você fala mas não consegue que ninguém entenda. Parece que você fala qualquer língua, menos o idioma do resto das pessoas ao seu redor.
Quando você se sente apenas um ajuntamento de moléculas, que ainda não faz ideia do que veio fazer aqui. 
Quando você não sabe do seu futuro e também tem medo de saber. 
Quando não vê nenhuma possibilidade de melhora ou nenhuma reviravolta que de alguma forma possa te fazer sorrir de novo. Quando esboçar um sorriso genuinamente parece um sacrifício. Há momentos de extrema tristeza, como esse agora, que sento em frente ao computador e choro copiosamente querendo com todas as minhas forças ser salva. Ao mesmo tempo, eu sei mais do que posso explicar que a única coisa que não devemos esperar de ninguém é salvamento. Mas às vezes, é mais forte. 
Nesses momentos quando os "quandos" são muitos, e quando a gente não encontra remédio, é bom chorar. Mesmo com medo de se afogar. Mesmo que seja difícil de parar. 
Soluce, fique sem ar, queira morrer e daí então volte mais forte. 
A gente não tem muita escolha, quando começa a chover. Não é?
Temos que esperar passar.


Aline Vallim.

De onde vem o desejo.

Essa coisa de tentar explicar de onde vem o desejo é perda de energia.
É ter certeza que palavras, eu não vou encontrar.
Ele brota como água em nascente. Ele se acomoda gentilmente no corpo e na mente, como a criança que cuidadosamente se aninha no colo de mãe.
Tenho vontade de te explicar pro meu coração, mas  quando ele te olha só sente aquela sensação boa de inverno com Solzinho quente na medida certa, abraçando a pele. Aquele sentimento de que a vida não pode ser mais maravilhosa, e que se ela for um centímetro mais perfeita é capaz de o céu explodir e virar serpentina. É agonia.
É café quente que queima a língua. É língua molhada que beija gostoso.
O desejo de tão apetitoso é incômodo. Sempre implora por explicações que nunca são dadas. Porque ao mesmo tempo, ele rejeita todo e qualquer raciocínio lógico.
Então, me dê a mão quando eu a estender para você. Me acompanhe até a cama quando eu estiver procurando pelo seu colo ou pelo seu sexo. Ou pelos seus ouvidos quando eu estiver triste demais, e precisar do seu incentivo. E dos seus elogios de admiração e cobertos de boas intenções.
Se dedique ao que não pode explicar, devote-se a divindade do que não é concreto mas nem por isso, é menos palpável.
Me faça derreter como quando me olha em admiração só porque eu te deixo, às vezes por raiva e outras por perplexidade, sem palavras.
Me faça continuar sem poder te explicar, porque o melhor da vida nunca caberá dentro de qualquer verbalização.
Fica, amor.
Seja amor.


Aline Vallim. 

quarta-feira, 26 de julho de 2017

Solitude.

A solidão morre de medo da solitude!
Confuso, porém poético!
Danadinha essa tal da solidão, se faz de
melhor amiga para você não se desgarrar
dela, quer ser sempre a parceira inseparável
de todas as horas de angústia só para você
não se enxergar no espelho
e aprender que sua compania é tudo o que você
mais precisa lapidar!
Brilhou? Pronto, fodeu ela fica louca.
Já sabe que você encontrou uma amiga melhor
do que ela não tem sido: a solitude!
A solitude demora para chegar, mas traz
com ela um dos maiores presentes que a vida
pode te dar, o encontro com você!
Cheia de doçura, a solitude nada mais é do
que o estágio do: eu me aceito, gosto de mim
assim e consigo ficar comigo durante horas a fio criando os passos mais certeiros que daremos em comunhão!
A solidão só quer te encher a porra do saco
de mais vazio, enquanto a solitude de amor
e gratidão por você amar a ti mesmo, e consequentemente a vida!


Dri Cassimiro, amiga do Eu dou o que escrever, desde os primórdios.

sábado, 22 de julho de 2017

Melhor escolha.

Eu olho pela janela do lugar onde eu trabalho, eu vejo uma imensidão, vejo a baía de Guanabara, vejo uma floresta de concreto, vejo centenas de pessoas passando por hora. Vejo o dia passar tão lindo e vejo tudo escurecer. Quando anoitece, todas as luzes acesas de cada apartamento, casa, escritório, cada centímetro da cidade guarda vidas que eu nunca conhecerei. Todos carregam tanto, todos carregam o que quase ninguém nunca saberá.
Quem esbarra em mim pra em seguida pedir desculpa, ou não pedir. Quem me sorri um bom dia, com calor e vontade. Quem me fecha a cara, quem me é arrogante... Tanto, tanto que passa e nunca é revelado. Essa noção pode ser fascinante ou simplesmente aterrorizante. Quantas pessoas maravilhosas, a gente não vai ter a chance de tocar e se tocado. Os dias passam, as pessoas também, as chances nem se fala. A gente não se permite pelos mais diversos motivos. Ou paga pra ver, vive, e segue. Nunca teremos vivido o bastante. Sempre haverá o mundo para descobrirmos. A maioria de nós está perdido nesse mar de gente, tentando apenas se encontrar. Ou ser encontrado. 
Aquela oportunidade de ouro, aquele olhar certeiro. Muitos de nós congela, paralisa, tem medo. Mas a não ser que você tome coragem e dê o primeiro passo em direção ao que você deseja, não será notado em meio a multidão. O universo precisa de movimento pra girar. Faça o seu mundo caminhar. 
Se mexa! Se dê chances que ninguém mais daria. 
Tantos questionamentos, tantas dúvidas, tanta vida que a gente perde para ganhar a vida.
Vai!  Seja sempre a melhor escolha que alguém possa fazer. 
Não tenha medo.
Deixe marcas nos corações e nas vidas, as quais você tocar. Tenha humildade. 
Não tenha muletas emocionais. Exercite sempre sua independência sentimental mas respeite o que vai dentro do outro. 
A gente segue, sem saber ao certo pra onde. A vida é assim.
A vida não é encontrar o que se procura, é o caminho em si até o encontro. Faça desse caminho o mais próximo do que acredita pra si, e só vá. Dê o seu primeiro passo, seja ele como for ou qual for. 
Não tenha medo do seu medo, e acredite em mim quando eu digo: Você não é o único. Estamos todos com medo. No final, nada importa muito. Não é sobre ser bem sucedido, não é sobre ganhar muito dinheiro, não é sobre a sua posição ou prestígio, não é sobre o superficial. No final o que conta de verdade, é a vida que você viveu e como você encosta na alma do outro e colore tudo a sua volta. 
Vai! 


Aline Vallim.

terça-feira, 20 de junho de 2017

Você é lição que eu preciso aprender.

Tá tão silêncio aqui, mas tanto. Que eu nunca ouvi uns gritos tão altos. Tô até quase levantando da cadeira para ver de onde vem tanto barulho. Olho para um lado, e para outro...Nada. Silêncio absoluto. 
Encosto meus pés descalços no chão, meu corpo reage inteiro ao frio dessa noite.E acabo me lembrando que os gritos estão dentro de mim, e que todo o barulho é meu também. A gente procura sentido e não acha, tenta achar referência, procuramos dar nomes e rótulos, mas nada se molda ao que precisamos no momento. A gente tenta não fraquejar, mas esquece que falha e que recebe de si mesmo, justamente o que não espera. A gente acha que está pronto mas não está. 
Sabe uma ressaca moral? Aquela vergonha de si mesmo, por ter errado? 
Então, é dela que falo. Ela atrapalha um pouco o discernimento mas ao mesmo tempo, ajuda. Ajuda porque na hora que o corpo mole e querente quer ceder, ela tá lá. Espizinhando. Pra te lembrar que a maldade existe, que a lábia maliciosa também, que a dissimulação tá aí pra ser jogada na cara de quem quer que seja, e a única coisa que espera é algum inocente para validá-la. 
Você pensa que não é mais esse tipo bobo que vai se quer titubear ao ouvir algum jogo de palavras atraentes.Mas acaba que na hora você, vacilante que só, vacila. 
Perde o foco. Ao mesmo tempo que é bom lembrar que nem todas as pessoas são iguais, ou são falhas nos mesmos pormenores, é bom não se esquecer que somos exatamente capazes das mesmas velhas e previsíveis demonstrações de desafeto. 
O barulho incessante vinha de dentro de mim, eu tentei olhar pela janela com a minha taça de vinho e o meu cigarro aceso, para tentar chegar a alguma conclusão acerca da minha confusão. Cheguei.  Mas não antes de te querer pela última vez, mandar a última mensagem. Receber o último sinal. Não antes. Porque como em qualquer jogo, o último movimento precisa ser feito para que o fim da partida possa ser clamado. Me despedi hoje de você, pareceu indigesto, pareceu ruim. Não foi ruim perder você. Eu nunca te tive, então não faz diferença. 
O amargo mesmo foi perder mais um pouco da inocência que eu nem tinha ideia que ainda fazia morada dentro de mim. Você mesmo parecendo legal, é uma história enredadora, ilusória. Você ainda é a o lado pernicioso do mundo, você é a lição que eu preciso aprender. Não falo isso com raiva, ou despeito, apenas com um pesar tristonho. Porque há conclusões as quais preferimos, não chegar.
Mas não por você, pela boa fé que nós todos os dias, lutamos para manter.




Aline Vallim. 

quinta-feira, 11 de maio de 2017

Caos e confusão.

Sem entender nada, eu tô aqui já minutos depois de você ter passado por mim e me olhado com o olhar que eu não sei entender. E tampouco reagir.
Tô aqui juntando peças e querendo decifrar a razão pela qual você não sai da minha cabeça.
Minha razão, essa que nunca foi minha preferida, claramente ainda nao é.
Porque não há nem que eu pare por muito tempo para pensar, qualquer rastro de vida que me ligue à você.
A gente tenta ter controle mas só temos instinto, a gente não sabe onde está indo durante a maior parte do tempo. A gente tem dificuldade de largar de mão do que não consegue, principalmente quando queremos muito.
A sua falta de atitude fala por si, eu não precisaria de mais nenhuma prova ou evidência até porque sou esperta, mas os olhares não. Esses me alimentam e isso não é justo.
Quero não falar, quero ignorar mas as pernas bambeiam. O rosto fica quente. O corpo também. Aquele calor no corpo que a gente gosta. E mais ainda, precisa.
Aquele caos e confusão que nos fazem viver quando já esquecemos como é. Quando entramos em um mecanismo sentimental robótico precisamos de um sacode. Eu só sei ser isso, o que aquece, o que chacoalha...Não sei ser paz, não sei se sei ser meiguice e quietude. Talvez, assuste.
Você já esteve dentro de mim, de todas as formas possíveis. E nunca esteve perto o suficiente.
Fico imaginando o que vai junto com a sua excentricidade disfarçada de simplicidade, as músicas que escuta, como se comporta, o som da sua risada, o que te deixa nervoso e o que te faz feliz.
Mas não sei nada, só sei o que o contorno do seu corpo faz comigo assim que te reconheço em qualquer que seja o lugar dentro dos poucos ambientes que dividimos.
Eu não sei por qual razão você ainda está saindo dos meus dedos e me dando frases completas cheias de um sentimento que nem escrevendo, eu entendo. Já era pra eu ter secado de você. Mas sigo eu voraz.
Mais alguns minutos passaram, e eu entendo tanto quanto entendia no começo dessas palavras, vou deixar de compreender amanhã também, e vou seguir não chegando à uma conclusão. Fiquei meio obcecada por um fantasma engimático. Não consigo me doar, porque só quero trocar com você. Talvez eu te exorcise pelas minhas linhas. Talvez não. Eu sigo sem entender.


Aline Vallim.

domingo, 16 de abril de 2017

Imponência.

Tenho medo de terminar em mim. Tenho medo de não continuar.
Queria eu, não ter medo de nada.Absolutamente. E ser o bastante para mim mesma. 
Quando você acorda pra tudo o que está à sua volta, e o que consegue ver é apenas uma coleção de escolhas erradas, as consequências dessas escolhas, e uma sucessão de equívocos e projeções infundadas, o coração encolhe como uma fruta murcha. Não é medo, é falta de perspectiva.
A vida não está toda errada, tem tanta coisa certa e que eu gosto, principalmente quem eu sou, e mais ainda quem eu me esforcei pra ser. 
Tenho o dinheiro que vai e vem nesse clico mensal característico, e que me garante todos os meus luxos e necessidades, contas e supérfluos. Tenho uns sorrisos que eu gosto de admirar aqui e ali, uns flertes sem vergonhas e com vergonhas...
Mas esses pedaços não dão liga com o meu resto. Ainda não senti tudo se transformando em uma coisa só. 
Tenho medo de não testemunhar grandeza, de não poder contar à todos que há quem te salve e te dê sentido, mesmo você já fazendo todo o sentido do mundo, sozinho. 
E fazemos, eu sei.
Mas o coração espera, e eu não mando nele. Nunca mandei. Ele continua esperando.
Eu gosto de bagunça, e a paz que eu anseio não parece combinar com o cenário. Mas combina. 
Quando eu vi em você uma fagulha, o fogo que eu gosto, me deleitei por um momento. Por um momento.
Começa-se a achar que o coração tá errante demais. 
E o tempo, ao mesmo tempo, que eu o perco, ganho. O que pode ser um pouco confuso. 
Acreditei que com o passar das horas e dias, o instinto de sobrevivência fizesse algo pelo coração no qual habita, mas é outro que fica meio bobo. 
Eu tô meio boba também, te imaginando em todos os lugares e com medo de você não gostar de mim. Mesmo já sabendo que gostando ou não, já não faz diferença. 
Imaginando sua língua me inundando, suas palavras me adornando e sua força, quando resolve entrar aqui no meu meio e me deixar ciente de toda a sua imponência. 
Queria imaginar você junto com todo o resto que eu quero pra mim. 
Eu continuo querendo.


Aline Vallim.

segunda-feira, 10 de abril de 2017

Desconcerto.

Eu tenho vícios engraçados.
Outros, nem tanto.
Tem o cigarro que é mortal.
Tenho o de sofrer por antecipação e a pressa excessiva que resultam na ansiedade,essa que é destrutiva, ando conseguindo controlá-la de uma forma satisfatória.
Mas nem sempre, já diria Rodrigo Amarante.
Tenho o whatsapp que é um vício sem graça.
Tenho vícios em pessoas.
Tenho vício de refrigerante.
Tenho o café e a tapioca.
Tenho vício de dormir.
Eu gosto deles.
Tenho vários vícios.
Algumas obsessões.
Sigo assim tentando ser leve, mas nem tanto.
Ao mesmo tempo tentando não me entregar tanto às minhas idealizações porque é bem assim que a gente pisa em falso e quebra não o pé, mas a boa fé.
Fazendo o que eu mais gosto. Colocando pra fora o que eu vivo.
Sendo mais completa e entendendo melhor, tudo.
Juntando peças que a princípio não fazem sentido.
Mas que na verdade não precisam fazer nada pra fazer sentir.
Falar de você, se você faz parte da minha vida ou já fez, não deixa de dizer
que você é ou foi importante pra mim mas mais que isso, é a minha forma mais bonita de tentar entender o que eu sinto.Entender você.
Até hoje, agora no meu pijama, com meu cigarro aceso, meu vinho, encarando o meu caderno, eu tô tentando entender você.
Ou tô gostando de não entender.



Aline Vallim.












sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Minha maior força nunca foi fraqueza.

Eu não gosto de fins mal definidos, mal interpretados, ou mal esclarecidos. Gosto sempre de deixar destacado com o marca texto mais potente o que me leva a cada decisão tomada. Gosto de esmiuçar também as razões do outro, mesmo sabendo que as justificativas que devem te deixar em paz são apenas as suas. Afinal, não podemos exigir qualquer posicionamento do outro, se esse não vier espontaneamente. Então, presumo eu em minha inocência, que podemos apenas nos responsabilizar e preocupar com o que somos e como nos comportamos. Nunca com o que diz respeito ao outro. Porque está fora de controle. Se é que alguma coisa está (no controle). Por essa razão, sigo certa de que fui até a última gota de vida, tentei tudo, fiz tudo e aí então, mediante a qualquer negativa persistente, eu sigo em frente. Encerro um capítulo. 
Quando eu quero algo, vou até o fundo. 

E justamente, dessa vez, por querer demais, desisti. Antes de mergulhar, antes de me jogar e me arriscar. Há sinais, que apenas veem com a vivência, que te ajudam a andar em terrenos incertos. Malícias que se instalam em seu peito e de forma orgânica, te fazem menos cor de rosa, menos purpurina. E um pouco mais cinza, consegue-se ler os sinais. Eu percebi em você, que o nosso erro, não era motivo de constrangimento, percebi que a vontade de vulgarizar a sua palavra para com outras pessoas de repente, era algo falado de forma bem descontraída. Mais do que deveria. Percebi que dessa vez, não cobrar uma postura de dignidade, de hombridade, poderia ME custar caro. 
Quando você permite que ajam com você de um jeito coberto de desfaçatez, pode ser que seja impossível recomeçar. É difícil. É uma linha tênue entre saber deixar as coisas rolarem e cobrar demais, mesmo cedo demais. É por demais, complicado.  Muitos erros e equívocos, antes do gol de placa.

 Bloqueei da minha vida. Não dei chances. Porque dessa vez, eu estou cansada. Cansada demais. Com os pés, o peito, os olhos cansados. Queria mais uma vez, ter dado todas as chances possíveis. Mas não pude. Eu preciso de paz. Me dei esse direito. Mesmo tendo te querido antes mesmo de te tocar. Mesmo sabendo que teu gosto de hortelã era o melhor do mundo todo. Mesmo assim. 

A impulsividade, que vejo em mim é a minha melhor qualidade. Pensei ser fraqueza, pensei ser imaturidade, pensei ser motivo pelo qual o Karma vai escolher em algum momento próximo, zombar de mim. Pensei ser o que me diminuía justamente por me fazer com tanta plenitude, viver em erros. Pensei várias coisas. Mas essa é apenas uma qualidade minha, uma virtude, a minha grande coragem. Que por escolha dessa vez, pela primeira vez, resolvi abdicar. 

Eu não sou essa mulher ao seu lado, que chorando vai pedir para você ficar, para não me deixar e vai te manter por perto, sei lá por quais razões.Você vai quando quiser, e vai ficar se assim desejar. 
Mas sou aquela que de repente vai faltar com a própria palavra quando o assunto for você. Vou jogar minha palavra ao vento, e não vou me importar nem sequer por um minuto porque vou ter você.
Vou dizer não para mim mesmo, sem ninguém ouvir, e me acharei super forte e certa de meus atos, para no minuto seguinte, estar gemendo bem alto enquanto você está investindo com força dentro de mim. Porque não resisto, porque quero acima de tudo. Eu nasci pra desejar, pra querer, com fogo e fúria. E se algo me desperta isso, eu vou.
Não quer dizer que eu vá fazer isso sempre, todas as vezes. Me presenteio com o pleno exercício da liberdade que me cabe. E mesmo a palavra sendo tão importante como tenho certeza que é, não me tornarei escravo dela, se pra isso tenho que me distanciar do que realmente quero. 
Descobri hoje, aos trinta e poucos anos, que minha então fraqueza é a minha maior força. Descobri em mim, que os erros me fazem viver. Me fazem ter o que contar. E descobri também que não quero para mim, os mesmos erros de sempre. Para sempre. 
Então, precisei não querer você. Precisei. 


Aline Vallim.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Nas paredes da mente.



Bem agora, a cabeça transborda, ferve. Eu tenho tudo sob controle.
Não tenho.
Contas, amor, vontades, princípios, certo, errado, devo, não devo...
Dilemas eternos e diários, pequenos, grandes.
Proporções, ações, reações. Eu tento equilibrar, nunca dá.
Música sempre antiga,bebida sempre quente. Ansiedade tomando um pouco a frente como faz parte de mim, as relações sempre excêntricas, o cabelo é curto, esmalte escuro, pés descalços, preguiça e hiperatividade dividindo espaço dentro. Perfume, comida, quase nenhum sono, muito sono.
Eu deito e levanto umas mil vezes, pensando no que fazer.
Vou, não vou? Faço, não faço?
Dá ou não dá?
Com o tempo pensei que ficasse mais fácil mas só fica mais difícil.
Hoje, um dia daqueles no qual tudo roda, e permance correndo de um lado para o outro nas paredes da mente. Aquelas vozes que gritam que você está totalmente equivocada, precisa mudar as coordenadas que traçam seu caminho.
Mulher, a vida não é o que era. Não é. Já faz tempo.
Eu não sou aquele caos que a juventude tem como inerência mas também, não sou  a perfeita harmonia que procuramos, mesmo sem saber ao certo se a calmaria nos apetecerá.
Tenho quase certeza que não. Mas a gente continua.
No meio da multidão todos nós queremos ser especiais, nem que um pouco, por um momento.
E eu aqui, cansada de tentar entender o porquê dos jogos, das mentiras, das tentativas que a gente concede a situações, as quais sabemos que já estão fadadas ao fracasso. Esperando a reviravolta do terceiro ato, que dificilmente vem. E se decepcionando mais uma vez. Pra dizer a si mesmo, que da próxima vai ser diferente mas nunca é.  
Sentindo, e por considerar o sentir demais e a razão de menos, na maioria das vezes, nos equivocamos. Colocando a pele, o querer em primeiro lugar. Se distanciando de quem realmente somos, mesmo em pequenas atitudes, alguns gemidos e gotas de suor. Arriscando comprometer a pouca paz que com tanto esforço e força, conseguimos.
Tenho talentos que eu não sei para que servem ou o que fazer com eles, caminhos que eu poderia ter seguido, que possivelmente me levariam gentilmente pelas mãos pra onde eu desejasse. Onde quer que esse desejo estivesse. Mas nunca segui, nunca fui. Apontei para um caminho mais confuso, e fui. Tive fé, e ainda tenho que um dia vou aportar e meu coração vai sentir o amor, a paz, o pertencimento que eu desconheço. E anseio.
Às vezes acho que vou morrer cedo.
Às vezes eu entro em pânico, por vezes eu acho que tô parando de respirar.
Às vezes eu murcho e entristeço. Às vezes. 
Eu não me perco mais de mim,  mas solto minha mão como quem é atingido por uma onda e é jogado com força pra outra direção. Me recupero em seguida. Respiro e conto até 10. Quando chega ao fim da contagem, eu ainda me encontro com o coração batendo forte acelerado, bem mais acelerado do que deveria, mas eu sei que vai passar. Sempre passa. E a vida vai caminhando, vai se desenrolando, vai tomando a forma que deve, independente dos erros, dos acertos, das vontades.
Seguimos, ofegantes, inquietos, tranquilos, ansiosos, nervosos, felizes, satisfeitos, impacientes...
Seguimos.


Aline Vallim.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Meu gatilho mais doce.

Resultado de imagem para tumblr sexy casalEu faço mil coisas, eu estudo, eu me informo. Ao longo dos meus dias, eu faço algumas atividades, viajo ao redor do mundo e do tempo e volto à mim. 
E dentre essas distrações, obrigações, deveres, prazeres, 
depois que um gatilho é disparado, eu não consigo parar.
Sempre me vem à cabeça, a mesma imagem. O mesmo contorno que é do seu corpo bem na minha frente, essa coisa que você faz com a bochecha e seu olhar de rabo de olho, enquanto eu faço alguma careta. 
De uma forma covarde, você é a minha paixão mais platônica, um desejo infundado, eu sinto o seu cheiro, sem nunca ter sentido. Seu gosto tá aqui, na minha língua e de fato nunca esteve.
Eu quero muito te sentir ofegante, perto da minha boca, eu quero realmente sentir a sua pele tocando a minha de uma forma rude e delicada, ao mesmo tempo.
E quando penso em você fico inquieta, quase explodo com essa vontade e nada me resta. Nada além de imaginar você aqui entrelaçado em meio as minhas pernas, pesando em mim, forçando a proximidade à ponto de nos tornarmos um, enquanto me olha e fala umas bobagens bem ditas aqui no meu ouvido e usa a língua de forma muito bem coordenada. 
Você nunca me fez nada de mau e eu tenho vontade de te bater, e fisicamente expor essa raiva de ser tão atingida por você. Acho injusto, acho um ultraje, só porque te quero muito. 
Não gosto de você, porque gosto além do que posso explicar. 
É como admirar uma foto, ou sei lá, uma pintura famosa. É irreal. 
Talvez você seja como os outros, e por um lado positivo, 
é bom pensar que a chance de isso se provar não tenha surgido.
E quando apareceu, por segundos nos foi tirada. 
Eu fico com a melhor parte, essa parte que me diz que você é diferente, que você vale a pena. 
Esse, porventura, pode ser o lado positivo. 
Talvez eu nunca possa comprovar isso, mas fico com os melhores e piores pensamentos ao seu respeito. Me dou esse direito. A lascívia espertada segue uma progressão incontrolável, é como estar algemada e ser de todas as formas estimuladas. É insuportável. Mas eu gosto.
Contudo, eu espero o dia que você vai me apertar, que vou ter seus dedos marcados em mim, como um lembrete agradável e dolorido que você foi meu. Talvez por uma noite, talvez por mais. 
Talvez nunca, talvez sim.

Aline Vallim.

Esqueci de sonhar.

Reencontrei minha melhor amiga durante o período do ensino médio, brigamos por alguma razão estúpida que nenhuma das duas se lembra. Não é a...