Queria eu, não ter medo de nada.Absolutamente. E ser o bastante para mim mesma.
Quando você acorda pra tudo o que está à sua volta, e o que consegue ver é apenas uma coleção de escolhas erradas, as consequências dessas escolhas, e uma sucessão de equívocos e projeções infundadas, o coração encolhe como uma fruta murcha. Não é medo, é falta de perspectiva.
A vida não está toda errada, tem tanta coisa certa e que eu gosto, principalmente quem eu sou, e mais ainda quem eu me esforcei pra ser.
Tenho o dinheiro que vai e vem nesse clico mensal característico, e que me garante todos os meus luxos e necessidades, contas e supérfluos. Tenho uns sorrisos que eu gosto de admirar aqui e ali, uns flertes sem vergonhas e com vergonhas...
Mas esses pedaços não dão liga com o meu resto. Ainda não senti tudo se transformando em uma coisa só.
Tenho medo de não testemunhar grandeza, de não poder contar à todos que há quem te salve e te dê sentido, mesmo você já fazendo todo o sentido do mundo, sozinho.
E fazemos, eu sei.
Mas o coração espera, e eu não mando nele. Nunca mandei. Ele continua esperando.
Eu gosto de bagunça, e a paz que eu anseio não parece combinar com o cenário. Mas combina.
Quando eu vi em você uma fagulha, o fogo que eu gosto, me deleitei por um momento. Por um momento.
Começa-se a achar que o coração tá errante demais.
E o tempo, ao mesmo tempo, que eu o perco, ganho. O que pode ser um pouco confuso.
Acreditei que com o passar das horas e dias, o instinto de sobrevivência fizesse algo pelo coração no qual habita, mas é outro que fica meio bobo.
Eu tô meio boba também, te imaginando em todos os lugares e com medo de você não gostar de mim. Mesmo já sabendo que gostando ou não, já não faz diferença.
Imaginando sua língua me inundando, suas palavras me adornando e sua força, quando resolve entrar aqui no meu meio e me deixar ciente de toda a sua imponência.
Queria imaginar você junto com todo o resto que eu quero pra mim.
Eu continuo querendo.
Aline Vallim.