quinta-feira, 2 de abril de 2015

Mas você nunca fala.

Dou um trago profundo no cigarro, que é pra distrair
a minha cabeça enquanto espero você
resolver começar a falar.
Solto a fumaça devagar, esperando alguma coisa fazer sentido.
Nada faz.
Eu me apaixono sempre pelas possibilidades.
Me apaixono pelo quão bom seria mas nunca é.
E a frustração é certa. Como um mais um é dois.
Espero mais alguns segundos, pelas suas palavras.
Mas você nunca fala e não é agora que vai falar.
Seu papo é o mesmo de sempre.
Um homem com um papo limitado.
O meu tesão está na boca.
Mas não no seu oral que apesar de ser bom demais, já não me leva no papo.
E eu? Eu sempre gosto de mais.
Você nunca fala, você faz questão de ser menos.
Eu brinco, tento quebrar o seu machismo ou te despir da sua armadura.
Mas se não adianta.
Eu me adianto.
Prefiro tanto fazer, pra você ser um tanto faz.
Quantos anos você tem?
Não te critico, não te acho nada menos do que você é.
Só tento entender.
Mas não entendo.
Será que sempre se comportou assim?
Você sorri sem graça, tentando me seduzir.
Mas não me seduz mais.
E podia seduzir, ô se podia!
Mas meia dúzia de putarias bem ditas (ou mal)
não fazem Verão.
Pro seu azar.
Pra minha sorte.
E você, nunca fala.


Aline Vallim.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Esqueci de sonhar.

Reencontrei minha melhor amiga durante o período do ensino médio, brigamos por alguma razão estúpida que nenhuma das duas se lembra. Não é a...