O erro ainda é meu.
Sentir tanto e tão a frente do que realmente é.
Sentada em uma mesa de bar e falando e observando a volta.
Eu via que a minha vontade de sentir é tão grande que ultrapassa o sentir.
O sentir é tomado pela idealização.
Pela fantasia de achar que ainda tem sentimento que vale.
E tem sim, mas nem sempre é.
Você não se deixa levar, luta contra, acha defeito e
finalmente quando
acha que achou, você se perde de novo.
Se perde porque não tem receita e nunca parece que as coisas vão pelo
caminho mais fácil.
Parece sempre que a gente tenta dar nó.
E eu To bem cansada dos nós.
De sempre me espalhar pra me juntar logo em seguida, pra fazer algo que
não é pra ser, ser.
Tô cansada de tanta gente que não mede as palavras e nem mede um pouco
de gentileza.
Tô cansada de sentir raiva por me desapontar, não com sentimentos mas
com cuidados.
Com formas de se cuidar do outro que só partem de um lado.
Como se pra ser gentil precisássemos gastar muita energia.
Ser respeitoso é tão fácil.
Ser legal é tão gostoso.
E parece cada dia mais que não se tem nem vontade de poupar o outro.
Eu quero fazer com que os outros se sintam bem comigo ou ao lembrar de
mim.
E reciprocidade parece até ofensivo.
Parece que tratar bem e reivindicar um pouco de bom senso (embora eu
ache que
não se reivindique), é querer algum órgão vital do outro.
Como assim você tá sendo legal?
Deve estar querendo alguma coisa.
Como assim você tá reclamando?
Eu To reclamando sim.
Eu To te mostrando sim minha insatisfação.
E eu não quero ser o alguém que provoca isso.
Mas também não quero
sentir.
Eu embora não seja tão meiga, eu quero e preciso ser melhor.
E se esse comprometimento de se colocar no lugar do outro não é o que
te domina a fim de cultivar uma vida mais gostosa, então você saia
daqui.
Saia de perto de mim.
Não posso querer.
Não quero mais ficar tentando entender o porquê de coisas banais.
Queimando a mufa pro meu lado racional descansar em paz.
Eu não preciso.
Eu não quero.
Eu não Tô a fim.
Aline Vallim.
segunda-feira, 7 de dezembro de 2015
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