segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Nas paredes da mente.



Bem agora, a cabeça transborda, ferve. Eu tenho tudo sob controle.
Não tenho.
Contas, amor, vontades, princípios, certo, errado, devo, não devo...
Dilemas eternos e diários, pequenos, grandes.
Proporções, ações, reações. Eu tento equilibrar, nunca dá.
Música sempre antiga,bebida sempre quente. Ansiedade tomando um pouco a frente como faz parte de mim, as relações sempre excêntricas, o cabelo é curto, esmalte escuro, pés descalços, preguiça e hiperatividade dividindo espaço dentro. Perfume, comida, quase nenhum sono, muito sono.
Eu deito e levanto umas mil vezes, pensando no que fazer.
Vou, não vou? Faço, não faço?
Dá ou não dá?
Com o tempo pensei que ficasse mais fácil mas só fica mais difícil.
Hoje, um dia daqueles no qual tudo roda, e permance correndo de um lado para o outro nas paredes da mente. Aquelas vozes que gritam que você está totalmente equivocada, precisa mudar as coordenadas que traçam seu caminho.
Mulher, a vida não é o que era. Não é. Já faz tempo.
Eu não sou aquele caos que a juventude tem como inerência mas também, não sou  a perfeita harmonia que procuramos, mesmo sem saber ao certo se a calmaria nos apetecerá.
Tenho quase certeza que não. Mas a gente continua.
No meio da multidão todos nós queremos ser especiais, nem que um pouco, por um momento.
E eu aqui, cansada de tentar entender o porquê dos jogos, das mentiras, das tentativas que a gente concede a situações, as quais sabemos que já estão fadadas ao fracasso. Esperando a reviravolta do terceiro ato, que dificilmente vem. E se decepcionando mais uma vez. Pra dizer a si mesmo, que da próxima vai ser diferente mas nunca é.  
Sentindo, e por considerar o sentir demais e a razão de menos, na maioria das vezes, nos equivocamos. Colocando a pele, o querer em primeiro lugar. Se distanciando de quem realmente somos, mesmo em pequenas atitudes, alguns gemidos e gotas de suor. Arriscando comprometer a pouca paz que com tanto esforço e força, conseguimos.
Tenho talentos que eu não sei para que servem ou o que fazer com eles, caminhos que eu poderia ter seguido, que possivelmente me levariam gentilmente pelas mãos pra onde eu desejasse. Onde quer que esse desejo estivesse. Mas nunca segui, nunca fui. Apontei para um caminho mais confuso, e fui. Tive fé, e ainda tenho que um dia vou aportar e meu coração vai sentir o amor, a paz, o pertencimento que eu desconheço. E anseio.
Às vezes acho que vou morrer cedo.
Às vezes eu entro em pânico, por vezes eu acho que tô parando de respirar.
Às vezes eu murcho e entristeço. Às vezes. 
Eu não me perco mais de mim,  mas solto minha mão como quem é atingido por uma onda e é jogado com força pra outra direção. Me recupero em seguida. Respiro e conto até 10. Quando chega ao fim da contagem, eu ainda me encontro com o coração batendo forte acelerado, bem mais acelerado do que deveria, mas eu sei que vai passar. Sempre passa. E a vida vai caminhando, vai se desenrolando, vai tomando a forma que deve, independente dos erros, dos acertos, das vontades.
Seguimos, ofegantes, inquietos, tranquilos, ansiosos, nervosos, felizes, satisfeitos, impacientes...
Seguimos.


Aline Vallim.

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