quinta-feira, 27 de julho de 2017

De onde vem o desejo.

Essa coisa de tentar explicar de onde vem o desejo é perda de energia.
É ter certeza que palavras, eu não vou encontrar.
Ele brota como água em nascente. Ele se acomoda gentilmente no corpo e na mente, como a criança que cuidadosamente se aninha no colo de mãe.
Tenho vontade de te explicar pro meu coração, mas  quando ele te olha só sente aquela sensação boa de inverno com Solzinho quente na medida certa, abraçando a pele. Aquele sentimento de que a vida não pode ser mais maravilhosa, e que se ela for um centímetro mais perfeita é capaz de o céu explodir e virar serpentina. É agonia.
É café quente que queima a língua. É língua molhada que beija gostoso.
O desejo de tão apetitoso é incômodo. Sempre implora por explicações que nunca são dadas. Porque ao mesmo tempo, ele rejeita todo e qualquer raciocínio lógico.
Então, me dê a mão quando eu a estender para você. Me acompanhe até a cama quando eu estiver procurando pelo seu colo ou pelo seu sexo. Ou pelos seus ouvidos quando eu estiver triste demais, e precisar do seu incentivo. E dos seus elogios de admiração e cobertos de boas intenções.
Se dedique ao que não pode explicar, devote-se a divindade do que não é concreto mas nem por isso, é menos palpável.
Me faça derreter como quando me olha em admiração só porque eu te deixo, às vezes por raiva e outras por perplexidade, sem palavras.
Me faça continuar sem poder te explicar, porque o melhor da vida nunca caberá dentro de qualquer verbalização.
Fica, amor.
Seja amor.


Aline Vallim. 

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