quarta-feira, 13 de julho de 2016

Vamos comemorar a hipocrisia?

Dois corpos masculinos, suados, um em cima do outro...
Um encaixado no outro, como se deseja.
Como eles querem e nasceram querendo.
Ninguém escolhe, você se percebe.
Me diz aí mulher, quando foi que você se descobriu heterossexual?
Como foi escolher gostar de pênis?
E você homem gay, como foi fazer a mais fácil escolha de todas?
Viver sendo gay em uma sociedade linda, com a mente aberta, sem preconceitos e tão acolhedora...
Deve ter sido uma escolha tranquila.
Afinal, quem não escolheria ser gay e viver em um mar cor de rosa como esse?
Ninguém escolhe, por isso dizemos que é condição.
Independe de vontade, é só você usar a lógica, o inverso e vai ver que não tem razão
achar que se escolhe  algo que é orgânico.
Estamos em 2016 comemorando uma vitória que já deveria ter sido comemorada faz tempo.
Tantos atores e gente famosa que forma opinião, declarados gays.
Tantas famílias formadas diferentemente do que é tido como grande família tradicional.
E ainda estamos comemorando uma cena em uma novela em um horário "nobre".
Sendo que na vida real já temos mais do que uma novela inteira cheias de cenas como essa, hoje comemorada.
Temos uma realidade que não condiz com tanta violência e conservadorismo.
Violência que mata. Conservadorismo que sufoca.
Outra coisa que me intriga é a grande tradicional família Brasileira.
O que essa sociedade considera tradicional? Alguém me ajude, por favor!
Tradicional como as traições recorrentes dos chefes e das chefes de família, agressões físicas, desrespeito, abandono entre inúmeros outros comportamentos adotados pelas pessoas de bem desse Brasil, dessa sociedade doente.
Me diga você, exemplar pai da tradicional família brasileira, como é ter uma ou várias amantes?
Me diga como é humilhar, coagir, ameaçar a esposa porque sente sua frágil masculinidade abalada.
Me diga, como é todos os dias se corromper mais e mais um pouquinho.
Subornando o guarda, desviando dinheiro em alguma transação escusa na sua empresa,
mentindo, escondendo...
Me diga como é ser tão do bem assim. De um bem tão seletivo. De um bem tão superficial.
Me diz como é ser tão nojentamente hipócrita.
Me diz...Por favor, me diga!


Aline Vallim.




segunda-feira, 11 de julho de 2016

Bebi mágoas.

 
 
Eu saltei num alvo rompido
Me joguei sem pensar
Tido como não tido
Concedi arriscar
Eu bebi as mágoas do azar ...

De tanto querer
Deixe-me piscar
Não consegui diferir
Precisei me dar
Quem se dá se dói
E de tanto doer
Acabei por me achar
No buraco do mundo.
 
 
As moças.
 

sexta-feira, 8 de julho de 2016

Instintivamente auto-destrutiva.

Eu não sou parecida com nenhuma delas.
E isso não é ruim. Nem de longe.
Eu gosto de bebida quente e de pessoas também. Sempre fui a dos relações excêntricas.
Até no meu mapa astral fala sobre essa minha vocação.
Eu insisto em entrar em jogos que eu já tô perdendo desde o princípio.
E mesmo que eu ganhe, eu continuo perdendo. Porque ninguém começa alguma história com a tristeza de alguém.
Eu tenho uma coisa chamada instinto que eu não consigo controlar.
É a parcela da minha personalidade que mais consegue  fazer com que eu me afaste do que eu quero.
Eu quero ser boa recordação, eu quero ser leveza, tranquilidade.
Eu não quero representar nem por um segundo, o abandono.
Eu não quero ter problemas com finais de semana.
Quem quer que você seja, não pode me fazer doer mais do que me fazer gozar.
Eu olhei, pronto.
Já quero todo.
Tudo.
Dentro.
Quente.
Duro.
Duro é ter dois extremos tão latentes. Dois lados que se estapeiam e te tonteiam.
Difícil não é saber rimar e sim lidar com toda a confusão que é não ser
convencional, normal, corriqueira.
O dedo coça pra falar,a mente quer porque quer.
Na cabeça, mil imagens.. Tô apenas tentando saber onde você está.

Mas eu não tenho porque tentar, não tenho porque querer.
Eu tô aqui tentando apenas esvaziar a mente, espancando o teclado do computador.
Escrevendo qualquer coisa só pra desfazer as vontades.


Aline Vallim.

quarta-feira, 15 de junho de 2016

Analiticamente.


Era uma corrente do Facebook mas eu fiz em forma de texto, em tópicos de uma forma bem iniciante que é como  nos sentimos ao falarmos de nós mesmos.
 
1. Eu fumo faz tempo mas ninguém nunca diz e se surpreendem quando eu conto.
2. Eu sempre gastei mais do que ganho. Amo gastar dinheiro, especialmente com comida.
3. Não sei o que quero pra minha vida profissional. Simplesmente não faço ideia do que escolher pra fazer o resto da vida. E isso me agonia.
4. Penso demais em algumas coisas e em outras sou totalmente louca e ajo sem nem ao menos cogitar qualquer possibilidade.
 5. Sou temperamental mas já fui mais.
6. Tenho medo de não ter a minha própria família.
7. Não acredito no amor, embora eu acredite. (Complicado né?)
8. Viciada em Neosoro. Nenhuma vida segue sem o meu desentupidor nasal.
9. Estou sofrendo por ter parado de comer carne mas sigamos.
10. Eu escrevo e tenho 2 blogs. Um meu e o outro em conjunto com 3  amigas, no qual usamos pseudônimos.  E quero muito uma profissão em que eu possa escrever até os dedos caírem.
11. Viciada em café num grau extremo.
13. Tenho crises de ansiedade.
14. Excluo pessoas do meu círculo afetivo. Erros e vacilos recorrentes, eu não consigo lidar. Confiança é algo bem importante em qualquer relação.  Eu te excluo de uma forma que você nem nota, deixando de desempenhar um papel crucial na minha vida e sendo apenas mais uma pessoa. (E o melhor, você nem percebe...)
15.  Acho que pessoas que sabem discutir qualquer assunto de uma forma elegante, embasada e com propriedade são muito atraentes.
16. Sou carente.
17.  Tenho uma obsessão em saber sobre qualquer tópico. Quando percebo que não sei com propriedade sobre algum assunto fico um tanto chateada e começo a estudar ferozmente sobre aquilo.
(Ninguém sabe de tudo, não sejamos tão auto críticos. Estou tentando melhorar isso em mim.)
18. Não sou muito simpática com ninguém, de cara. Não faço questão mesmo de ser a pessoa que mais faz amigos na Terra.
Não é arrogância por mais que pareça, sou eu.
19. Eu tenho retenção de gengiva. Quando eu descobri, era pequena e pensei que tivesse algo a ver com perder os dentes mas não tem. Graças!!!!
20. E por fim, eu gosto muito de liberdade. Tanto de viver a minha vida, de sentir as minhas sensações e não ter que explicar tudo a todo o momento.
 
 
Aline Vallim.

sexta-feira, 27 de maio de 2016

Qual é a sua parcela de culpa?

A causa do estupro é o estuprador.
E ter que explicar isso, ter que fazer com que enxerguem isso é algo que me chega a causar nojo.
Algo que deveria ser orgânico, ainda não é por uma cultura social de que os homens são melhores apenas por serem homens.
Uma soberania burra sobre nossos corpos, sobre nossas vidas, em ambientes corporativos enfim...
Em pleno 2016.

Eu não creio que pessoas brincam com isso. 

Fazem piada. Ou simplesmente encaram como se fosse algo corriqueiro.
Eu estou em choque e enojada com o caso do estupro coletivo que aconteceu no Rio no dia 21 de maio,  tanto que a cada vez que leio algo relacionado é difícil concluir a leitura.
Eu rezo pra que nenhuma outra mulher/menina passe por isso.
Mas eu sei que até erradicarmos essa cultura nojenta da nossa sociedade muitas mulheres ainda sangrarão até a morte.
Sangrarão e sabe por qual razão?
Porque quando aquele seu amigo "legal" faz um comentário desvalorizando uma mulher pelo tempo que ela demorou pra dar pra ele, a chamando de "fácil", você escolhe não fazer nada.
Porque quando seu pai fala que mulher que bebe não pode reclamar se algo acontecer com ela, você deixa pra lá porque afinal ele é seu pai e já está muito velho pra mudar.
Porque quando dizem que saia curta é um pedido singelo pra um estupro, você ri. (Mas saiba, isso não é uma piada.)
Porque quando você vai a uma boate e puxa ou passa a mão em uma mulher que não te deu permissão pra isso, você contribui.
Você estupra. E segue estuprando.
Quando você passa na rua e fala "oi princesa" ou "que linda" ou mais escrotamente "Queria te comer toda", você estupra.

O jeito sexual e invasivo que você fala isso nos agride e você precisa entender que nem você ou seus amigos tem esse direito.
Nós não pedimos pra ouvir isso ou não demos permissão pra isso.
Então, antes de se ofender tanto e esbravejar que "não somos todos iguais" tenha a plena consciência que em uma escala menor e "menos grave" você contribui todos os dias pra morte de uma de nós.

Ou para a nossa violação física ou psicológica.
O sangue de todas nós está na mão de cada um que compactua com
cada ação preconceituosa.
Ou você luta ou você cala.
Porque nós não vamos mais calar.

terça-feira, 3 de maio de 2016

Inconsequência.

"Todo mundo que entra na sua vida entra por uma razão."
Já achei que sim.
Mas quer saber? Não.
Elas entram algumas vezes apenas pra testar
se você consegue se manter no lado que escolheu trilhar.
Pra ver se você quer o que realmente diz e se prega o que tanto esbraveja.
Eu perco meus focos, às vezes.
Porque tenho dentro de mim, inconsequência.
E gosto de ter. Gostava.
Sei lá.
Quando a gente se conhece tem dentro de si sempre uma porra de duelo de lados,
um gritando o mais alto que pode pro outro e tentando desesperadamente fazer-se ouvir.
Por você mesmo.
Pela vida que você quer.
Pelas coisas boas que faço e pelo meu coração.
Mas nada disso fica de pé se você se deixa perder.
Ou puser a culpa no seu lado mais descompensado pra poder viver o que o outro lado seu quer.
Eu quero romance, quero divisão, soma, quero briga, pazes bem feitas dentro das paredes do
lugar que eu escolher estar. Quero preocupação, quero cuidado.
A gente tem que estar pronta pra receber o melhor e quando a gente quase
se perde percebe que não está.
Agonia essa de querer imensidão e bater com a cara na porta das suas inquietações.
Eu não tô pra coadjuvantismo, nem quero estar e não há nada de errado nisso.
Eu quero oscar de melhor atriz.
Quero um caos gostoso e logo em seguida paz, quero atuação das marcantes.
Não quero mais um perrengue pra conta.
Mais encheção de saco e cabeça.
Eu paro por aqui e nunca mais esquecendo de olhar pra dentro
que é pra não se perder no lado de fora dessa confusão.



Aline Vallim.

terça-feira, 5 de abril de 2016

A todos os que entendem o significado da palavra perda.

Amar alguém nada tem a ver com a cor da pele, com a beleza dos traços, com o que os amigos falam.
Nem sei se tem a ver com questão de ideologia...
Na verdade não sei o que conta, o que define, o que permite duas vidas se entrelaçarem.
E tampouco o que as faz permanecer juntas.
Torcendo, querendo estar junto, se importando, tentando consertar e poupar o outro.
Batalhando por apenas passarem o maior tempo possível totalmente juntos.
Se doer pelo outro, se preocupar, não comer porque o outro não está bem.
Se envolver tão genuinamente assim te leva um pouco embora mas te traz de volta à si.
Construir uma vida, montar um quebra-cabeça só de vocês...
Depois que você se desarma, se entrega, se desconstrói pra que te
reconstruam, eu imagino como será perder alguém que você ama assim, nesse nível? 
Como é estar com alguém durante a tarde e logo depois receber a notícia que essa pessoa
não é mais aquela pessoa.
Ela apenas se tornou um corpo, que ocupa um espaço.
Mas não te reconhece, não te dá beijos, não te braça, não sorri com o
seu sorriso ou gargalha das suas piadas.
De uma hora pra outra, a vida te levou quem mais fez por você.
Quem mais esteve com você em todos os momentos.
Você tentou ter esperanças de que tudo daria certo, rezou mesmo não sendo religioso, torceu,
tentou manter o otimismo.
Ou não, se entregou...
Voltou a fumar, voltou a beber, parou de comer...
Você já sabia antes de saber e não interessa qual tenha sido a sua postura mediante a uma
perda na sua vida, você fez o que pôde e ninguém pode dizer o que seria melhor.
Ninguém sabe como a sua vida se desenrolará daqui pra frente.
Ninguém pode te julgar, ninguém pode tentar imaginar.
Ninguém tem esse direito.
Você se encontra em uma posição agora, desfavorecida sem foco, sem referência...
Eu nem imagino, como dito, ninguém tem o direito nem de ao menos
tentar pressupor.
À todos que sofreram algo desse tipo, apenas boa sorte.
Que melhore, que o vazio diminua.


Aline Vallim.



Esqueci de sonhar.

Reencontrei minha melhor amiga durante o período do ensino médio, brigamos por alguma razão estúpida que nenhuma das duas se lembra. Não é a...