Seu sermão poderia pagar dez anos da minha terapia. Mas eu o dispenso...

E lá vem você, querendo me dar sermão...

Como se eu não soubesse que o errado descansa na comodidade

de empurrar  pro outro lado, o que não tenho em mim dessa vez.
Atitudes corretas.

O que eu mais prezo,não tenho, falta, foge de mim na 

velocidade da luz. 
Uma vez que agir corretamente

é perdê-lo, é não sentir o que eu quero sentir e só com ele..

E lá vem você, querendo falar tanto sobre o que você não sabe.

Sobre o quão,eu deveria me envergonhar mas você não sabe,

nem por um segundo o que eu sinto e o que motiva a minha urgência.

Lá vem você achando que eu não sei o quanto, eu posso me arrepender.

Mas justamente eu, que quase nunca me envolvo, quase nunca tremo, 

quase nunca desfaleço na presença de

alguém,preciso viver isso. 

E sim, eu sei que o arrependimento pode 

bater na minha porta,entrar e nunca mais sair do meu coração. 

Mas eu posso aguentar, o sofrimento, a decepção, a perda...

Esses gostos, eu já senti, eles já persistiram no meu peito.

E o mais importante, eles passam.

E por longos verões,tudo o que eu sentia era frio. 

Preciso engolir o SIM ou o NÃO que você tem guardado pra mim.

Preciso seguir, te esquecendo ou correndo pra você 

e viver todo esse erro que eu sinto como

o maior acerto de todos os tempos...

E lá vem você...

Aline Vallim.

Onde isso vai parar?

O que me separa de quem eu sou, de quem eu quero ser?
O que me separa de quem eu julgo com tanta propriedade,das minhas atitudes tão
negligentes com meus princípios?
O que me separa do meu presente afortunado, do meu futuro penoso?
O que me separa de todas as minhas fantasias das quais você é tema 
principal e absoluto, de todas as coisas erradas que envolvem você?
O que me separa do movimento harmonioso do seu quadril, do seu beijo 
no meu pescoço, de quando você me pega por trás, me fazendo implorar 
por mais um minuto de você, de toda a amargura de tudo o que eu faço?
O que me separa do certo? E do errado?
O que me separa da mulher que sou, do efeito do seu olhar ?
O que me separa do meu sono leve à noite, da sua cama? 
O que me separa?
E eu tentando me conter, não consigo evitar dar mais vários passos
em sua direção! 
Toda a coragem que brota pra deixar você pra trás se transforma 
na mediocridade de me conformar com o pouco,que fatalmente, você vai
poder me dar.
O que me separa?
Onde isso vai parar?


Aline Vallim.

E de onde vem?

E de onde vem a ideia que o seu sentimento é mais importante
do que o de outra pessoa?
De onde vem a ideia que o gosto amargo 
que se sente é mais amargo do que
o do outro?
De onde vem essa mania pequena de achar 
que não se pode deixar de viver algo só 
porque é incontrolável pra você?
Sim, pra você.
E os outros? E as outras histórias envolvidas? 
E os outros sorrisos roubados?
E as outras realidades interrompidas? Ou afetadas?
Não é porque algo lhe parece imperdível 
que não pode ser mutável.
Você escolhe, opta e traça...
Se traçou errado,não tem borracha que apague.
E trate de viver com isso,saboreie...
Seja feliz bem alto mas chore em silêncio.
Compostura,postura,bravura.
Se sinta,se conheça, viva ...
Se é pra viver,o ideal é que se viva certo.
Mas se não der, viva pelo menos com a dignidade 
da plena consciência.
Cresça e saiba que o TUDO o que vai volta.
E que se tá ruim, você ajudou a piorar.
Simples e claro assim.


Aline Vallim.

Pra uns é vício, pra outros é a essência.

Eu quero paz, quero ser livre.
Livre do que me prende, do que me diminui, do que me empobrece.
Quero ser livre, quero falar de outros assuntos...
Falar dos outros, pra uns é vício pra outros, falta de integridade mesmo!
Não que eu não fale, às vezes, eu falo. 
Chega! 
Por mais que uns ou outros,mereçam. 
Chega!
E mesmo assim,  e se merecem?
Você vai gastar sua energia à toa
E o que você ganha...? 
Difamando, diminuindo, fofocando...
Pare e vá viver! 
Pare e vá ser! Vá ser algo pelo qual valha a pena lutar, valha a pena defender.
Vá ser alguém digno, vá ser alguém admirável!
Pare de ser só alguém!
Pare de só existir... Vá pegar a sua vida e a viva!
Não se tem muito tempo.
Não tem muito pra se provar que se é alguém que merece respeito.
Então, me surpreenda...Tenha o meu respeito!
Ou melhor, me faça escrever um texto sobre o quão foda você é,ou tenta ser.
Porque o tentar já vale, vale muito mais do que  palavras sujas e tortas.
E mais do que isso, se respeite.

Aline Vallim.

"Perder-se também é caminho", já dizia Clarice.

Perdas: as vivemos ,as sentimos, as prevemos,

sofremos por elas sem nem ao menos, termos passado por todo o alvoroço e bagunça que deixam.

E com você, não foi previsão, foi realidade.

A perda  que me azedou um tanto, me fez perder um pouco da doçura, um pouco da fé, da fé em mim. A pior das perdas.

Eu só queria ser o que você queria e procurava.

E me coloquei na estante, me coloquei de lado, me esqueci, me negligenciei, desfoquei de tudo o que importava.

Já chorei, já me desfiz, já me refiz, já me reinventei.

E aos poucos toda a cor, as luzes, o brilho, a leveza foi voltando.

Eu pensei nunca mais retornar, nunca mais conseguir olhar pra mim com olhos piedosos porque eu perdi  o que mais me importava.

Mas na verdade a culpa não foi minha, você nunca me pertenceu e isso era muito claro e agora eu vejo como um raio que ilumina todo o caminho.

Mulher insiste, persiste, cisma... E não vê o que está lá a encarando com um ar desafiador.

Pior pra nós...

E eu que  acreditava  em mim, voltei a acreditar.

O respeito que sempre me pertenceu  retornou ao meu peito pra que eu nunca mais me abandone. 

Ser  a (o) sua (seu)melhor amiga (amigo) é o maior dos tesouros e perder essa noção pode levar tanto mas tanto tempo...E apesar de não poder perder  tempo, perde-lo é a certeza de que teremos outros tempos, novos tempos, tempos felizes, tempos melhores...

E o tempo perdido, no final se reverte, em mais amor próprio, 

mais auto-conhecimento, mais nobreza, mais compaixão e menos filhos da puta fazendo da sua mente um atelier de tudo o que não presta...

A gente se acha...

Acaba se achando de um jeito ou de outro.

Aline Vallim.