quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Pormenores.

Era bem de manhã.
Havíamos passado a noite juntos.
Primeira de muitas. Talvez,a última de todas.
Já fizemos sexo umas boas vezes. Mas dormir?
Dormir não.
Então,essa foi a primeira.
Passamos. Passou.
Ele se divide entre culpa,prazer.
E eu?
Eu sei disso.
Brincamos, rimos, nos satisfazemos.
Amanhece.
Quero que ele me leve para o trabalho.
Quero beijá-lo no meio de todo o resto do mundo,na chuva.
Mas não dá.
Do contrário do que escreveu o poeta:

"...Algumas coisas, por mais impossíveis e malucas que pareçam, a gente sabe,bem no fundo,que foram feitas para um dia dar certo."

Não vai dar certo.
Eu sei disso.
Eu sei que que a parte sã dele, me odeia.
E a outra parte dele que não me tem, me odeia também.
Ele tem tantas partes.
E nenhuma delas, me ama.
Ou nenhuma, vai um dia comigo dividir algum plano ou pretensão.
Poderia me amar? Não sei.
Ele não me leva ao trabalho.
Eu não o beijo no meio de todo o resto do mundo,na chuva.
E mesmo que estivesse no meio da mais torrencial tempestade,nós não nos beijaríamos.
Há todos aqueles pormenores.
E todos eles fazem, menor a realidade.
Mais pobre. Mais cinza.
E olha,que eu o olho e a vontade de olhar pode durar para todo o sempre.
Mas deixa pra lá.
Deixa ele pra lá.
Deixa ele voltar.
Não deixa,não.
Só não posso me deixar.

Aline Vallim.









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